02/08/2010

CRÔNICA - AS FLORES NOS CAMPOS DE BATALHA


Andava eu só, olhando as estrelas, estas de um belo e típico colorido que bailavam frente aos meus olhos, furtavam minha visão. Porém, não muito longe dali, ouvia-se um estrondo, coisa horrível! parecia um jogo de futebol em que estes times de torcida uniformizada faz o gol, ouviam-se os ecos das bombas, gritos que se misturavam aos gemidos das pessoas. Era a guerra que já havia contaminado tal lugar.
Em meio tanta desgraça, um senhor passava por ali com um saquinho, desses de supermercado em sua mão, eu curioso com aquilo o segui para ver o que o ancião fazia tão perto da desgraça. Para meu espanto, ele estava semeando o maldito lugar com sementes de variados tipos de flores, indignado me aproximei dele e o interroguei:
- O que faz?
- Esta louco?
- Não sabe que indo para aquela direção poderá morrer?
O velho sem hesitar com uma voz rouca que raspava a garganta, apontando o dedo para o vale da desgraça me respondeu:
- Os homens daquele vale plantam a morte e a desgraça, e em nome de tal ditam as regras. Eu porem, semeio a vida, e dou a minha se for preciso para melhorar este mundo.
Não entendi, e o interroguei novamente:
- Mas se o senhor semeia a vida, se eles lhe matarem, o que irá acontecer, quem ficará em seu lugar?
O velho de um jeito sereno ergueu seus braços em forma de cruz olhando para o vale da guerra e disse:
- Há anos trabalho para tentar construir um mundo melhor para mim e para você, portanto, faça o mesmo por mim, por você, para os outros e as novas gerações que hão de chegar. As sementes simbolizam a nova vida que há por vir, eu posso morrer, mas deixei minhas sementes, novas esperanças, não passei por aqui simplesmente, passei e deixei algo, todos deveriam passar e deixar algo, eu irei, mas você e outros muitos outros que não entendiam minha atitude, ficarão, e como eu, semearão novas sementes nos campos de batalhas. Vocês semearão a paz e o amor em Deus, serão apóstolos do vento, e sua voz como as dos demais penetrarão no coração de todos.
O velho então virou a costa, indo de encontro ao inferno de luzes, notei que por onde ele passava, as flores iam brotando e crescendo, fazendo um belo e típico colorido, como o das estrelas que eu vigiava no começo.

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