27/09/2011

EDITORIALBLOG Sequestro do voo 375 da Vasp - O Bin Laden Brasileiro



Em 11 de setembro de 2001, o mundo foi abalado pelos ataques terroristas em Nova York e em Washington, lançando o mundo em uma guerra que dura até hoje, 10 anos depois.
A idéia de lançar aeronaves comerciais cheias de passageiros contra prédios, no entanto, não era novidade em 2001, pois, em 1988, um brasileiro chamado Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos de idade, pensou na mesma coisa. Nonato tentou, e quase conseguiu, executar um atentado contra o Palácio do Planalto e o então Presidente José Sarney, utilizando para isso um Boeing 737-300 da Vasp.
Motivos do seqüestro
 
 Raimundo trabalhava em Minas gerais como tratorista na Construtora Mendes Jr., mas havia sido despedido devido à péssima situação da economia brasileira que passava no final da década de 80, altos índices de desemprego e inflação exorbitante.
Desempregado, e sem expectativas, o maranhense culpou o então presidente da república, José Sarney, pela sua má fase financeira. Por isso, resolveu seqüestrar um avião e ir para Brasília, onde esperava acertar “as contas” com o presidente brasileiro.

O Atentado
 
No dia 29 de setembro de 1988, o Boeing 737-300 partiu de Porto Velho rumo ao Rio de Janeiro, onde previa escalas em Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. Já na cidade mineira, o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos, embarcou no então, vôo Vasp 375, rumo ao Rio de Janeiro.
No entanto, após 20 minutos de levantar vôo no aeroporto de Confins, Raimundo Nonato se levantou da cadeira e sacou um revólver 32 seguindo para a cabine da aeronave. A bordo estavam 105 passageiros. Vale lembrar que, na época, os aeroportos brasileiros não utilizam equipamentos de raio-x para embarque em vôos nacionais, o que facilitou a passagem da arma.
A Tomada da Aeronave
Antes de chegar à cabine da aeronave, Raimundo foi impedido pelo comissário Ronaldo Dias, que levou um tiro na orelha pela atitude. Em seguida, o seqüestrador arrombou a porta da cabine com 5 tiros e anunciou o seqüestro, porém, um dos disparos acertou a perna do engenheiro Gilberto Renher.
Às 11h15, já diante das ameaças, o comandante Fernando Murilo de Lima e Silva enviou pelo rádio, o código 7700 que, na linguagem codificada da aeronáutica, significa seqüestro.
A Vítima Fatal
Em Brasília, o Cindacta – Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo – recebe a mensagem do comandante e, via rádio, pergunta o que estava acontecendo a bordo da aeronave.
Quando o co-piloto Salvador Evangelista pega o rádio para responder, Raimundo encosta o revólver atrás da cabeça, e atira matando-o na hora.

Rumo ao Palácio do Planalto
O presidente José Sarney já havia sido informado pelos seus assessores sobre o acontecimento e cancelou todos os seus compromissos oficiais daquele dia. Na aeronave, o seqüestrador fez o comandante seguir rumo a Brasília para “acertar as contas com o governo”, como ele mesmo insistia.
Pelo rádio, a torre de controle recebe do comandante, a informação que o combustível estava acabando e a aeronave poderia despencar de uma altura de 10.000 metros.
  
Sem esperanças
 
O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica chegou a redigir um rascunho lamentando a tragédia, pois não havia chances teóricas da aeronave pousar com segurança.
O Fim do Combustível
 
 O Comandante Murilo, ferido após o sequestro
O comandante Fernando Murilo, 41 anos, com aproximadamente 12.000 horas de vôo, era um homem tranqüilo, o que foi crucial para o domínio da situação. Em nenhum momento, Fernando usou a palavra “seqüestrador” no rádio, com sabedoria, se dirigia a Raimundo como passageiro.
Fernando alertou sobre a possibilidade de a aeronave cair por falta de combustível, mas Raimundo não estava preocupado e pediu para não pousar no aeroporto de Brasília. Quando também passou próximo ao aeroporto de Anápolis (GO), novamente o comandante fez o alerta, porém, o seqüestrador impediu novamente o pouso com uma arma apontada para a cabeça de Fernando.
O Herói
 Já em Goiânia, o comandante blefou e disse para Raimundo que um dos motores iria parar, pois o combustível já estava no fim e que, por isso, a aeronave iria cair de nível.
Na verdade, Fernando desligou um dos motores, o que fez o avião desnivelar em 180 graus. Com a manobra, o comandante fez uma aterrissagem de emergência e salvou os passageiros de uma queda que iria realmente acontecer em algumas horas, se não fosse a habilidade do piloto.
 
Negociações
Com ao avião pousado, na pista do aeroporto Santa Genoveva, o seqüestrador começou a negociar uma fuga. No início ele pediu mais combustível para chegar até Brasília, depois solicitou uma fuga em um caça Mirage, mas por fim aceitou fugir em um avião Bandeirantes.
Por parte dos órgãos de segurança, a negociação apenas tinha o objetivo de retirar Raimundo da aeronave, ou seja, não passava de um teatro.
Fim do Seqüestro
 
Às 19hs, o seqüestrador desce a escada da aeronave com o comandante em feito “escudo”. Logo depois, os agentes de Elite da Polícia Federal que estavam espalhados pela pista atiraram e acertaram 3 tiros no rins de Raimundo. Um dos tiros pegou na perna do comandante.Era o final de um seqüestro de 8 horas de duração.
O Final Poderia ser Diferente
A tentativa de matar o seqüestrador,  quase custou à vida do comandante que foi considerado herói pelos passageiros e por todos que acompanhavam o desfecho da história. Talvez, se Raimundo tivesse embarcado em um vôo direto de Belo Horizonte para Brasília, o final poderia ter sido tráfico.
Verdade ou Mentira
Na época, o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Romeu Tuma, informou que o Palácio do Planalto poderia ser um dos alvos do seqüestrador, mas depois a informação foi negada. Alguns acreditam que o objetivo de negar o alvo foi uma tática para evitar outras pessoas tentassem fazer o mesmo se inspirando em Raimundo.
No entanto, outros afirmam que o seqüestrador nunca teve a idéia de jogar a aeronave em um prédio público, essa seria apenas uma justificativa para matar Raimundo e evitar que fosse tido com um herói pelos brasileiros. Raimundo Nonato morreu dias depois, vítima de uma infecção por anemia falciforme, sem relação com os tiros, segundo o legista Badan Palhares, mas houve quem duvidasse da versão.
Fonte: http://telacrente.org/2011/06/tudo-sobre-sequestro-vasp-375/
http://wwwtudoumpouco.blogspot.com/2011/09/sequestro-do-voo-375-da-vasp-o-bin.html

20/09/2011

MEMORIA - ESTAÇÃO DE TREM DE SÃO MANUEL DESCASO COM A HISTÓRIA

E estação de trens de São Manuel foi aberta pela Ituana na data de 1888 no entanto foi reformada como conhecemos hoje em 1911, certamente um dos grandes patrimônios culturais da Cidade de São Manuel, agoniza frente ao abandono.
Todos deveriam olhar com carinho para este patrimônio, fonte de grandes encontros, inspirações, isso documentado nos jornais de São Manuel aqui postados, a Associação dos Artistas tem sobre seus esforços tentado a reforma do prédio no entanto é uma força desigual, tal causa deveria comover a todos do cidadãos de São Manuel.
Os prédios da estação foram tombados como patrimônio histórico pelo Decreto Municipal nº 615/2010.

 
 ESTAÇÃO ORIGINAL DE SÃO MANUEL 
CONSTRUÍDA PELA YTUANA EM 1888



 Antigo bebedouro de cavalos em frente a estação.
 Fotos de uma época romântica.

 A Degradação de uma história.




















No que se transformou a memória de um povo
http://www.estacoesferroviarias.com.br/s/smanuel.htm

15/09/2011

PESQUISA - PERSONALIDADE

Aluno:
Shanti Cristian Titton

Professor Eduardo Ayres Delamonica
Matéria de Gestão Empresarial
UNIFAC - Botucatu
ATENÇÃO O PRESENTE TRABALHO É DESTINADO
SOMENTE PARA PESQUISA,
NAO PODENDO SER COPIADO E TRASCRITO

PERSONALIDADE:
INTRODUÇÃO:
A Psicologia, dentre seus variados campos de estudo, encontra no tema “personalidade”, uma das mais ricas matérias em conceitos, teorias e discussões.
Krech e Crutchfield a definem como sendo “o ápice da Psicologia”, que analisa o comportamento de cada indivíduo em seu meio e sua interação com sociedade.
Dentro desse aspecto, existem, porém, vastas e nem sempre corretas definições do que seja personalidade, chegando ao absurdo de ouvirmos em algumas situações que determinada pessoa “não tem personalidade” ou que simplesmente a perdeu por influências externas.
Apesar da unanimidade sobre a origem do termo persona, ainda não encontramos, mesmo no campo científico, entendimento absoluto e incontestável sobre o que é a personalidade, sua origem e o que a faz ser diferente mesmo entre indivíduos com mesma origem e que sofreram influências semelhantes do meio onde vivem.
Neste contexto, o que se objetiva neste trabalho é justamente abordar o tema de maneira aprofundada, analisando-o, desde o surgimento do termo, seus diversos conceitos, vulgarmente falando e, principalmente entre estudiosos da Psicologia Individual ou Personalística, suas bases e algumas teorias, ponto-chave para uma melhor compreensão entre as diferenças individuais nos mais variados segmentos e, conseqüentemente, suas relações com a sociedade. 

CONCEITO DE PERSONALIDADE:
A Psicologia Diferencial ou Psicologia Individual - também denominada Personalística (termo proposto por Stern) - preocupa-se com o problema da variabilidade das reações humanas, que nos leva ao conceito de personalidade. Se, em muitos comportamentos, os homens se assemelham, há, por outro lado, formas típicas de reagir, que caracterizam a maneira de ser de cada indivíduo - sua personalidade. Este termo origina-se do vocábulo persona. Segundo a tradição, persona designava a máscara usada pelos atores teatrais - especialmente no teatro grego - que exprimia os sentimentos preponderantes em cada personagem. Na linguagem corrente diz-se que alguém tem personalidade quando impressiona fortemente seus semelhantes. Uma pessoa apática, que passa despercebida, é considerada sem personalidade.
Do ponto de vista da Psicologia, todos têm personalidade. Esta poderá ser mais ou menos atraente, mais ou menos marcante, mas sempre existe. Excetua-se, porém, o caso de alguns poucos seres humanos, que desde a mais tenra idade foram privados do convívio com outros homens, e assim cresceram isolados ou em contato apenas com animais. Nas obras de Sociologia e de Psicologia, tais casos são narrados, e seus protagonistas recebem a denominação de homens-fera (singular, em latim - homo ferus). 
Do exposto conclui-se que a personalidade se estrutura através da vida social. Devemos compreender também que a personalidade depende de certos traços inatos e hereditários.
               
Uma das melhores definições de personalidade - a de Gordon Allport (1937) - diz-nos que ela é a “organização dinâmica dos sistemas psicofisiológicos individuais, que determinam a maneira única pela qual cada pessoa se ajusta ao ambiente”. Tal definição é aceitável e bastante completa, pois considera muitos aspectos:
a) que na personalidade interferem traços psíquicos e físicos;
b) que a personalidade é uma síntese única, distinguindo cada ser humano de seus semelhantes;
c) que a personalidade é uma síntese dinâmica, estruturando-se e reestruturando-se continuamente;
d) que a personalidade sofre influência do meio físico e, sobretudo do meio social.
Em outras palavras, a personalidade é um conjunto de reações e de modos de ser, característicos de cada indivíduo decorrente da herança biológica e da ação ambiental. O conhecimento exato desse conjunto de traços inatos ou adquiridos é tentado através das provas de personalidade, que procuram conhecer a personalidade real. Esta nem sempre coincide com a idéia que temos da própria personalidade (personalidade subjetiva) ou com a idéia que os outros formam a nosso respeito (personalidade social).
Em quase todas as definições de personalidade há uma referência à integração dos diversos aspectos que a compõem. Estabelecer quais são esses aspectos é analisar a personalidade, decompondo-a em seus elementos.
               
            AS BASES DA PERSONALIDADE
É difícil dizer que um bebê recém-nascido tenha personalidade (pois não tem organização característica de sistemas psicofísicos). Todavia, podemos dizer, com segurança, que a personalidade começa no nascimento; podemos dizer que o bebê tem uma personalidade potencial: é quase inevitável que certas capacidades e características se desenvolvam.

É útil ver físico, temperamento e inteligência como “matéria-prima” da personalidade, embora passem, nos anos seguintes, por lenta maturação. Falamos em matéria-prima porque dependem, em grande parte do que é “dado” pela hereditariedade. Dentre os três, o físico é o mais visivelmente ligado à hereditariedade, mas existem muitas provas de que as bases do temperamento e da inteligência são também geneticamente determinadas. É necessário advertir que não se nega que os três fatores possam, dentro de certos limites, ser influenciados, durante a vida, por nutrição, saúde e doença.

FÍSICO E TEMPERAMENTO:
A determinação de tipos físicos, baseada em característicos morfológicos e fisiológicos, pode ser tratada desde o século IV a.C. Os gregos antigos estavam convencidos de que a forma do corpo de uma pessoa deve dar-nos importantes indicações de seu temperamento. A seqüência do raciocínio é simples e, em princípio, é ainda aceitável pela ciência moderna.

A Constituição é apenas o aspecto orgânico da personalidade, mas pela hipótese da existência de correlações entre certas estruturas físicas e determinadas tendências ou reações psicológicas, deve ser considerada no estudo da personalidade.
Consideremos um exemplo. Não existe um registro contemporâneo da aparência física de Jesus. Os primeiros “retratos” conhecidos datam dos séculos II ou III da era cristã. Então, por que a imagem de Cristo foi desenhada, na arte, como magra e não musculosa ou gorda? Não será, acaso, porque a capacidade para vida interior, para afastar-se do mundo, para “introversão”, se encontra geralmente em físicos alongados e finos?
A convicção de que existe essa relação persistiu através das várias épocas.
Shelton inventou um esquema para determinar a proporção, em certa pessoa, de cada um dos tipos de corpo e admite que podemos distinguir mais de 70 tipos de constituição física, que, conseqüentemente, correspondente a um padrão básico de temperamento.
As tendências, as predisposições inatas, condicionam o temperamento de uma pessoa. Provavelmente tais tendências decorrem, em grande parte, da estrutura do sistema nervoso e das glândulas de secreção interna. Daí ter fundamento a suposição de que existe certa correspondência entre determinados tipos físicos e determinados temperamentos.
Em conclusão, não podemos duvidar que a constituição física e o temperamento tenham certa relação muito íntima. Constituem as matérias-primas emparelhadas, a partir das quais, em parte, formamos nossa personalidade através da aprendizagem.

CARÁTER:
Caráter em Psicologia, não é o aspecto moral ou ético da personalidade. É toda reação adquirida que se torna mais ou menos estável.
Quando há certa correspondência entre as reações adquiridas e as tendências temperamentais, há coerência intrapsíquica e os estados conflitivos são de menor monta. Se, porém, as experiências de vida estruturam o caráter com certo grau de oposição ao temperamento, temos como conseqüência, conflitos psicológicos profundos, que afetam o equilíbrio emocional e produzem e incoerência intrapsíquica.
O caráter é a parte mais externa, mais visível da personalidade. Em nossos contatos com o ambiente, é ele que primeiro se manifesta, através de nossas reações típicas.
               
INTELIGÊNCIA:
É necessário incluir a inteligência entre as matérias-primas da personalidade, pois está estreitamente relacionada com o sistema nervoso central e este é subjacente à constituição do corpo e ao temperamento, uma questão de dotação inata.
As definições de inteligência são múltiplas, mas quase todos os autores definem inteligência como o potencial inato de uma pessoa para fazer julgamentos adequados, aproveitar a experiência ou enfrentar de maneira adequada novos problemas ou condições de vida.
Há, ainda, diversidade quanto ao tipo de objeto ao qual a inteligência se aplica com maior facilidade. Daí os tipos de inteligência:
a) abstrata;
b) verbal ou social;
c) espacial, concreta ou mecânica.

Todas estas considerações são valiosas para objetivar que o conhecimento da inteligência geral de alguém não basta para formar uma idéia de sua personalidade. É preciso, ainda saber o tipo de sua inteligência e as funções em que ela se sobressai ou apresenta deficiências.
A inteligência não é determinada exclusivamente pela estrutura do tecido de nervos centrais. Podemos estar certos de que o tratamento no lar, estimulação do ambiente, prêmios e castigos cooperam para dar a uma criança um nível mais elevado de funcionamento do que de outra.
Observando-se as relações entre personalidade e QI, podemos estar certos de que interagem, mas aparentemente não existe um padrão uniforme. Apesar disso, existem relações sutis entre elas. O fato de usar o “potencial inato” para obter bons resultados certamente exige um impulso de outras regiões da personalidade.
Embora não existam sequer dois padrões precisamente iguais, podemos concluir que tanto os fatores de inteligência quanto os de personalidade se combinam para permitir a eminência.

CULTURA:
Em Psicologia, é o conjunto de técnicas, habilidades e conhecimentos que uma pessoa domina e, portanto, afasta-se do sentido antropológico e sociológico da palavra, confundindo-se quase com seu sentido corrente. Desta forma, pode-se distinguir cultura geral de cultura especializada. 
O papel da cultura geral no desenvolvimento da personalidade é relevante. Proporciona elementos para o equilíbrio da personalidade, desde que não seja confundida com a simples erudição. A verdadeira cultura geral favorece a adaptação e o ajustamento individual, porque permite uma compreensão serena e equilibrada das diferentes experiências.
A cultura especializada é, sobretudo, importante para a eficiência profissional, mas deve ser contrabalançada pela cultura geral, pois a primeira tende a falsear as concepções do mundo e da vida, pela hipertrofia de um de seus aspectos ou setores.

HEREDITARIEDADE:
Os seres humanos, como todas as outras criaturas vivas estão sujeitos às leis da hereditariedade. Estamos começando a aprender até que ponto essas leis determinam o físico, o temperamento, a inteligência e a personalidade. O aspecto mais importante do acordo científico é que nenhum aspecto ou qualidade são de origem exclusivamente hereditária ou exclusivamente ambiental. Por isso é realmente difícil separar a influência dos genes da que é devida ao ambiente.  
Quanto à personalidade, existem semelhanças persistentes, mas não a ponto de explicar tudo pelos genes. Os resultados, embora não muito completos, parecem confirmar a afirmação de que a hereditariedade desempenha um papel maior na conformação da “matéria-prima” da personalidade do que na da personalidade desenvolvida.
É necessário apresentar uma advertência final: a hereditariedade pode explicar tanto as diferenças quanto as semelhanças, ou seja, “o mesmo fogo derrete a manteiga e endurece o ovo”.

 PERSONALIDADE, UMA QUESTÃO DE ESTILO COMPORTAMENTAL:
Se fosse possível desembaçar as lentes de percepção social, talvez se pudesse facilitar a formação de vínculos de interação pessoal mais freqüentes, e isso parece estar inicialmente ligado à caracterização mais precisa daquilo que realmente significam esses termos.
Todo o conhecimento psicológico, em última análise, contribui para a compreensão da personalidade: o que a forma, por que difere de indivíduo para indivíduo, como se desenvolve e se transforma.
Essa maneira de abordar o assunto evidencia a sua importância e vastidão. Por conseguinte, tentar lograr uma conceituação de imediato e em breves palavras seria menosprezar o seu significado. Trata-se, pois, de dispor em determinada seqüência uma série de elementos, para que se possa compreender, de maneira satisfatória e clara, um dos tópicos que podem ser considerados como o ponto de partida da Psicologia como ciência.
Usualmente, o termo personalidade tem sido empregado poucas vezes em seu verdadeiro sentido psicológico. Ocorre que em qualquer ciência, como também na Psicologia, certas palavras, tidas como elementos conceituais e que são muito freqüentemente utilizadas, caindo no domínio incontrolável da divulgação, chegam a perder o seu sentido original e passam a ter uma série de significados inadequados ou até mesmo contraditórios ao seu pressuposto científico básico. A cada vez que se emprega uma dessas palavras torna-se necessário revalorizá-las novamente.
Vulgarmente falando, quando se diz que fulano é “um indivíduo de personalidade”, pretende-se apontá-lo como uma “pessoa de opinião”. De forma pejorativa, pode-se entender até que a pessoa com “personalidade forte” seja mal-educada e até mesmo intratável. É comum, igualmente dizer que alguém não tem personalidade quando se trata do tipo “Maria vai com as outras”. Ou, ainda, que fulano perde sua personalidade quando sucumbe a influências de outras pessoas com opiniões mais marcantes do que as suas. Nenhuma dessas colocações corresponde ao que pretende a Psicologia quando conceitua cientificamente personalidade.
Aproximando-nos um pouco mais do conceito científico de personalidade quando empregamos o termo para designar alguém que ficou na História. “Napoleão foi grande personalidade da Revolução Francesa”. Ou, então, literariamente, quando se diz que um romance ficou marcado pela personalidade da sua figura central, como: “A personalidade de D. Quixote comove os leitores de Cervantes”. Nesses dois casos, já vemos a intenção de evidenciar uma maneira peculiar de ser, o que, no fundo, não contradiz aquilo que pode ser considerado como personalidade em Psicologia.
Há ainda aqueles que, com maior propriedade, usam o termo como sinônimo de vida psíquica: “Foi algo em minha personalidade que me fez agir daquela maneira”.
A palavra “personalidade” em português, que tem como função descrever e determinar as características extrínsecas dos indivíduos, ou melhor, aquilo que cada um é. Mais simplesmente ainda: “Aquilo que cada um mostra ser”.
De forma incorreta, quando as explicações são feitas exclusivamente a partir do senso-comum, é raro que as pessoas concordem com esse conceito. Chega-se a afirmar que, na maioria das vezes, a vida é uma “representação”, isto é, que se mostra mais freqüentemente aquilo que não se é. O problema aqui não é da pessoa que se observa, mas do observador, que a partir de alguns poucos dados sobre o outro acredita que já domina todas as características do seu comportamento.
Hilgard propõe a dificuldade de realmente se conhecerem as pessoas: “Cada indivíduo é único, a descrição científica de uma personalidade é inevitavelmente difícil. Precisamos encontrar alguma forma de compreender as características duradouras do comportamento de uma pessoa, à medida que decorrem naturalmente de sua história de desenvolvimento, de seus objetivos e dos problemas da vida real por ela enfrentados. Nosso objetivo é descobrir e descrever, se pudermos, a estrutura singular de personalidade; precisamos mostrar como os vários aspectos de sua personalidade se reúnem de tal forma que todos são compreensíveis em função de algum padrão subjacente. Se conseguirmos fazer isso, podemos compreender incoerências superficiais em seu comportamento. O que faz estar coerente com sua estrutura total de personalidade, embora suas ações possam parecer contraditórias para aqueles que não a compreendem. Pode ser afetuoso para com a família e cruel para com seus empregados, ter físico forte e preocupar-se com sua saúde, ser sentimental nas músicas que prefere, mas rude na política. Mesmo as peculiaridades e os maneirismos pessoais (idiossincrasias) podem ser vistos como expressões significativas da unidade mais profunda que é sua personalidade total”.
Não somente se tiram conclusões apressadas sobre os outros, como também se percebe o outro de forma imprecisa, em virtude de distorções das lentes de percepção social utilizadas na análise do seu comportamento. No primeiro caso capta-se apenas parte da personalidade do indivíduo que está sendo observado e no segundo projetam-se características que são do percebedor. Isso indica que o conhecimento da personalidade não pode esgotar-se com simples observações aleatórias do comportamento ou a partir de opiniões pessoais; há que seguir uma sistemática mais cientificamente criteriosa para que seja possível distinguir “quem é quem” dentro de um processo de interação com pessoas.

O CONHECIMENTO DA PERSONALIDADE
E A AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO:
A maior parte das dificuldades surgidas nos procedimentos que visam avaliar o desempenho humano dentro das organizações tem como ponto de partida a dificuldade de os supervisores avaliadores discriminarem, com precisão, as verdadeiras características das diferenças individuais de comportamento no trabalho daqueles subordinados que devem avaliar. Por esse motivo, com muita freqüência fornecem ao órgão responsável pela adoção de medidas administrativas de pessoal, informações imprecisas que, conseqüentemente, orientarão inadequadamente a ação administrativa. Há, portanto, razões para pôr em dúvida muitos dos sistemas de avaliação de desempenho humano usados por um bom número de organizações.
Da mesma forma grande parte da significativa dificuldade que as pessoas no geral experimentam em seu processo de interação humana na situação de trabalho pode ser atribuída a esse processo nevrálgico, se são atribuídas características de personalidade a tal pessoa, conseqüentemente se está pensando no efeito desse traço na convivência diária. Quando se está falando do meticuloso, por exemplo, a ele será atribuído um comportamento no geral mais lento do que o da maioria dos demais e, em momentos de crise, com muita freqüência lhe será atribuído todo um quadro comportamental sintomático de alguém que seja empatador de serviço. Daí para diante, se a percepção do percebedor estiver errada, muito pouco poderá ser feito em termos de facilitar o entendimento mais produtivo entre essas duas pessoas; uma barreira se levanta, impedindo o entendimento mútuo.
Não é preciso muita elaboração sobre o assunto. O ponto central aqui reside no fato de que o relacionamento entre as pessoas depende de como elas se percebem, umas às outras. “A pesquisa de percepção de pessoa passou do interesse pelos estímulos e pela exatidão com que são registrados para as formas através das quais os percebedores ativamente processam tais estímulos, a fim de criar o sentido interpessoal”. Portanto, não é cientificamente correto imaginar que um sujeito seja impassível diante da realidade percebida. Há uma distorção natural do mundo percebido como forma de reafirmação da identidade do próprio percebedor.

Para cada uma das pessoas, depois de si mesmas, nada mais é tão importante como as outras pessoas, pois sua maneira de agir atinge em cheio, determinando nela sentimentos agradáveis ou desagradáveis. Não é de admirar que haja uma preocupação constante no sentido de conhecer os outros e formar, o mais rápido possível, convicções razoavelmente firmes a respeito de quem são essas pessoas.
“Percebemos as pessoas como entidades unitárias que possuem algumas características físicas e de personalidade, bem como alguns pensamentos e sentimentos. Os atributos de uma pessoa variam de muitas formas. As características físicas e de personalidade são propriedades relativamente duradouras da pessoa; os pensamentos e sentimentos são mais mutáveis. Nossas idéias sobre outras pessoas também variam de acordo com o fato de decorrerem de características explícitas e facilmente observáveis de outra pessoa, ou de interferências que fazemos. As características físicas e os estados emocionais intensos são características observáveis e nítidas das pessoas. Talvez um dos aspectos mais salientes de uma pessoa seja sua expressão emocional. Geralmente supomos que a “aparência” de uma pessoa reflete seu estado emocional interior ou seu sentimento”.
No momento em que todos esses dados se ligam é que se começa a entender que, quando alguém se queixa que as pessoas mostram aquilo que não são, a dificuldade não reside numa eventual representação de papéis, mas na circunstância de que não está conseguindo detectar sinais comportamentais significativos à composição de um todo lógico, que seria, então, sua personalidade mais marcante. Ninguém mantém um falso papel por muito tempo. Basta que as circunstâncias exteriores não o ajudem e esse falso papel desabará com facilidade.
A psicologia social muito tem feito nesse sentido quando se utiliza de experimentos para explicar melhor como se dá o processo da percepção humana e seu aspecto mais amplo, o processo de interação social. Um pressuposto importante colocado por esses estudiosos diz respeito à Teoria Implícita da Personalidade. “Se acreditamos que as percepções de outras pessoas são parcialmente determinadas por variáveis do percebedor e que os percebedores podem partir de paradigmas um pouco diferentes a respeito dos que os outros “realmente são”, não será incorreto afirmar que as interferências do percebedor a respeito do outro revelam mais a respeito do percebedor do que a respeito da pessoa percebida”.
Exatamente essa interpretação foi defendida num livro muito influente, The psychology of personal constructs, publicado em 1955 por George Kelly. Sustentou que “poderemos saber muito a respeito de uma pessoa se soubermos como ela classifica os outros, ou se soubermos quais são os conceitos que usa para descrever seu mundo interpessoal”. Cada uma já traz dentro de si aquilo que é conhecido como Teoria Implícita de Personalidade e que é construída a partir dos seus referenciais de vivências e informações, já possuídas, dos seres, mas que não derivam necessariamente de um processo cultural comum a todos.
Outro aspecto não menos importante estudado pela Psicologia Social dentro do processo de percepção de pessoa são os estereótipos, conjunto de características que, supostamente, se ajustam a uma categoria de pessoas. Nesse sentido, por não se possuir determinado dado a respeito da pessoa estimuladora, infere-se diretamente a respeito da única informação que é conhecida. Um exemplo clássico dentro da realidade brasileira é o do estereótipo de funcionário público. Se alguém é funcionário público (dado conhecido), necessariamente será um burocrata insuportável (dado inferido). Como se pode concluir, o estereótipo encerra uma forma de conhecer o outro a partir de uma excessiva generalização, em geral mais do tipo pejorativo, e que distorce a realidade do mundo das pessoas tão seriamente quanto as Teorias Implícitas de Personalidade.
Há várias teorias sobre o que seja personalidade; para diferenciá-las, basta que sejam revistas as orientações que imprimiram as principais correntes do pensamento psicológico anteriormente mencionadas. É através delas que se sabe que a personalidade é o resultado de um reduto inato de características básicas, acrescido de experiências vividas, que dá a alguém uma fisionomia comportamental ímpar; é a isto que se está referindo quando o tema é personalidade. “A busca de estrutura da personalidade é uma busca de alguma caracterização ou algum princípio unificador que exprima a unidade essencial da pessoa, bem como sua singularidade”.
Se a tarefa é conhecer a personalidade do outro, quer parecer que o início do processo deva residir no conhecimento de si, a autopercepção. A partir desse dado será viável diferenciar as próprias características das características do outro para que se possa, assim, chegar o mais próximo possível do real conhecimento das demais pessoas. Toda a ciência psicológica é formada da sistematização das percepções que as pessoas têm a respeito do seu próprio comportamento, ou da maneira pela qual se vê. 
Talvez a maior dificuldade que apresenta o estudo do ser humano é a possibilidade de só estudá-lo de forma indireta. Assim, mediante a observação de seu comportamento é que se pode inferir a respeito daquilo que no seu interior esteja acontecendo. Só se pode avaliar o potencial intelectual de uma pessoa fazendo-a comportar-se numa situação que solicite entre esse potencial em ação. Da mesma forma, só é possível concluir por suas características afetivo-emocionais, se, diante de dada situação (como quando se encontra um velho e querido amigo), é possível observar tal comportamento.
É o conjunto desses dados conhecidos ao longo do tempo que vai compondo um conjunto de características únicas e combinadas de forma ímpar, que vai tecendo um retrato particular. Sendo próprio daquela pessoa, damo-lhes o nome de personalidade. “Nós acreditamos que um traço seja um amplo sistema de tendências semelhantes de ação que existem na pessoa e são estudadas. Tendências semelhantes de ação são aquelas que um observador, olhando para elas do ponto de vista de um autor, pode reuni-las em categorias que possuem uma rubrica que lhes dá significado”.
Dois aspectos são considerados pontos-chaves para que se possam compreender melhor as diferenças individuais de personalidade:
- A etiologia ou fatores determinantes das diferenças individuais de personalidade;
- Os referenciais classificatórios em que podem ser subdivididas essas diferenças.
Esse dois aspectos podem ser reunidos em dois tipos de respostas, sendo que a primeira visa descobrir aqueles pontos que explicam o “porquê” de as pessoas serem diferentes e a segunda o “como” ou em que elas diferem umas das outras.
Psicologicamente falando, a personalidade é aquele conjunto de características próprias a cada um e que, sendo particulares, distinguem as pessoas entre si. Todos têm uma personalidade que lhes é própria e graças a ela não confundimos Pedro com Paulo, bem como refuta-se a crença popular de que “fulano não tem personalidade” ou “beltrano perdeu sua personalidade”, ela é a marca própria de cada um.
A personalidade não constitui um elemento vago e apenas conceituado nos livros. É mais do que isso. Trata-se da maneira de ser das pessoas, em seus hábitos motores, motivações psíquicas e relacionamento interpessoal. Se observarmos atentamente o comportamento objetivo de cada um, isto é, a máscara que nos é acessível no contato do dia-a-dia, verificaremos que se caracteriza por determinada maneira de ser e difere das outras tanto quanto sua assinatura ou caligrafia são diferentes das demais. Dizemos, então, que a personalidade se mostra através de tudo aquilo que a pessoa é capaz de produzir ou de ser.
Esse conceito de personalidade é básico à psicologia aplicada à situação empresarial, onde o modus vivendi exige intenso relacionamento interpessoal. Se formos capazes de perceber quais as características de personalidade com as quais se devem interagir, será muito menor a probabilidade de visarmos um tratamento inadequado para com as pessoas. É errado pretender um relacionamento interpessoal produtivo e não ser sensível às características de personalidade de cada um.
Essa autopercepção foi exaustivamente estudada por muitos cientistas do comportamento. Hilgard parece resumir bem a abrangência do processo. Segundo ele, a autopercepção consta da “percepção do eu como um agente”, podendo interferir nos dados de realidade e assumindo a responsabilidade pelos nossos atos; “da percepção do eu como contínuo”, o que permite o reconhecimento de cargas de experiências pessoais passadas interferindo na maneira atual de ser, bem como projetando uma programação pessoal futura, “da percepção do eu com relação a outras pessoas”, ou seja, o impacto da atuação do outro na interação social é vital de forma tal que as aceitações ou rejeições de outras pessoas são críticas na formação da autopercepção, da “percepção do eu como corporificação de valores e objetivos”, entrando aqui o conceito do eu ideal como parâmetro de julgamento da conduta pessoal, determinado, assim, níveis de auto-engrandecimento (auto-estima elevada), ou de autodegradação (auto-estima rebaixada) – portanto, os triunfos e fracassos de uma pessoa são vitais para ela.
“Fundamentalmente, pode-se dizer que as pessoas apresentam diferenças individuais de desempenho no trabalho por dois motivos principais:
Primeiro: porque nasceram diferentes umas das outras, são as chamadas variáveis inatas.
Segundo: porque passaram por experiências de vida diferentes, são as chamadas variáveis adquiridas.
A personalidade de cada um será a resultante das variáveis inatas em interação com experiências vividas”.

CONCLUSÃO:
Observamos no decorrer do trabalho que a “personalidade”, é um tema muito estudado no campo da Psicologia, por sua dificuldade de definição e mais ainda, pela amplitude de idéias, teorias que ela gera.
Quanto à origem do termo, talvez, a única unanimidade entre todas as correntes, surgiu do vocábulo persona, a máscara utilizada principalmente no teatro grego e, que posteriormente passou a denominar o próprio indivíduo que a representava (personagem).
Entre os leigos, perde seu sentido original, passando a ter uma série de significados inadequados ou até mesmo contraditórios ao seu pressuposto científico.

No sentido psicológico, em quase todas as definições de personalidade há uma referência à integração dos diversos aspectos que a compõem, entre eles físico, temperamento, caráter, inteligência, cultura e hereditariedade.
Algumas teorias afirmam que a percepção da personalidade é uma propriedade do “percebedor”, o que se costuma denominar Teoria Implícita de Personalidade, ou seja, cria-se uma idéia sobre a personalidade do outro a partir de sua própria autopercepção; mais popularmente podemos dizer que “quem está de fora” forma sua opinião sobre a personalidade o outro, a partir do que ela vê, mas não atenta ao fato de que nem sempre aquilo que se percebe faz parte da realidade.
Parece-nos mais sensato concluir que a personalidade se estrutura através da vida social, ou seja, é o resultado daquilo que nasce com o indivíduo (reduto inato), acrescido de suas experiências vivenciadas, o que lhe confere uma característica única, própria, que o diferencia de todas as outras pessoas.

BIBLIOGRAFIA:
ALLPORT, Gordon W. Personalidade, padrões de desenvolvimento. Reimpressão. São Paulo: Herder (Editora da Universidade de São Paulo), 1969.

BERGAMINI, Cecília Whitaker. Psicologia aplicada à administração de empresas: psicologia do comportamento organizacional. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1996.

OLIVEIRA, Irene Estevão de (Mello Carvalho). Introdução à psicologia das relações. 5 ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas.

PESQUISA - ÉTICA E PODER

 

Fabiano Minichello
Leandro Neres Santana
1º Administração Diurno.
 Gestão Empresarial
Prof. Eduardo Delamonica.
ATENÇÃO O PRESENTE TRABALHO É DESTINADO
SOMENTE PARA PESQUISA,
NAO PODENDO SER COPIADO E TRASCRITO

ÉTICA E PODER:
PREFÁCIO:
A omissão em seguir padrões éticos pode ser uma ladeira escorregadia, que corrompe imperceptível e implacavelmente os valores e a moral do individuo. À medida que aumentam as pressões que apresentam bom desempenho financeiro, altos administradores são motivados a depender cada vez mais de seus subordinados para obter resultados favoráveis e a ser menos exigentes sobre a maneira como eles são obtidos. Embora o desempenho medíocre não tenha necessariamente que resultar em conduta antiética, ele na verdade, põe em risco a capacidade da empresa de permanecer em alto terreno moral.
O custo da conduta antiética pode ir muito além das penalidades legais, notícias desfavoráveis na imprensa e prejuízos nas relações com clientes. Muitas vezes a conseqüência mais grave é o dilaceramento do espírito organizacional. Em alguns casos, empregados se consideram vítimas diretas como quando os operários sob condições de trabalho perigosas são inadequadamente protegidos, ou quando gerentes são rsponsaveis pelos resultados da liderança medíocre dos altos executivos. Em outros casos, estao obrigados a praticar atos repreensíveis como de empregados designados a supervisionar um contato com o governo são instruídos a onerar outra conta para qual irá à verba.

A ÉTICA NO HOMEM DE PODER:
Por que administradores querem chamar atenção para a ética empresarial em suas empresas? Se ninguém está se queixando de conduta contrária à ética! Por que transformar isto em questão? Afinal a observância da ética empresarial pode custar dinheiro, a perda de vendas para competidores menos escrupulosos, o desperdício de tempo e energia, além de causar descontentamento. Para alguns lideres empresariais o velho ditado “se não está quebrado, não conserte!” parece especialmente apropriado no que concerne a ética. O problema com essa forma de raciocínio é que ele ignora os riscos e custos de conveniência da não execução de conduta ética. As alegações amplamente divulgadas na mídia sobre práticas desonestas e escândalos envolvendo empresários e grandes empresas são lembretes poderosos da existência desses riscos. Empresas são sistematicamente multadas e suas operações restringidas por medidas judiciais. As penalidades legais, a perda da boa vontade no comércio, o embaraço pessoal e outras conseqüências negativas que podem resultar da má conduta fornecem um forte incentivo para que a alta administração dedique pelo menos alguma atenção ao assunto.
A ética empresarial ocupa um lugar curioso nos corações e mentes de numerosos administradores, por um lado repousa em um pedestal, como algo a ser admirado e que serve de estímulo aos demais; por outro, é cercada por uma aura negativa, como algo associado a problemas controversos, outra pedrada que administradores devem evitar, além da confusão ocasionada por essas contradições, estes também se sentem inseguros acerca do que é realisticamente viável ou de como agir na prática, em conseqüência disso, no funcionamento diário de numerosas empresas, o assunto ética empresarial é muitas vezes posto em segundo plano ou mesmo evitado.
A relação do homem com o meio em que ele comanda, o meio o qual ele exerce um poder de autoridade guiando e direcionando os rumos empresariais o qual ele pertence têm que prevalecer um comportamento ético nas relações existentes tanto num nível menor abrangendo a sua limitação de autoridade tanto nas relações com o cliente, ou seja, até onde o seu produto pode alcançar, tendo como significado de ética a ciência da moral e o significado de poder a faculdade, a possibilidade ou a autorização para, é muito desejado e esperado dentro das empresas hoje, um comportamento ético de seus administradores, uma relação mais clara e verdadeira com um jogo mais aberto para efetivar o sucesso da empresa e consequentemente um cuidado com uma marca.
Com uma sociedade mais consciente e a globalização presente a toda parte do planeta hoje temos consumidores conscientes e bem mais atuantes que cobram uma conduta adequada diante das manobras que o capitalismo provoca, qualquer empresa poderá freqüentar matérias diárias de primeira capa de jornais e revistas, sobre escândalos não éticos sobre a verdade de seus produtos.
A má conduta dentro de uma empresa é hoje algo muito indesejado, o sucesso empresarial é reflexo de uma base moral muito rígida praticada nessas empresas. No sucesso de uma empresa cabe a cúpula que dirige a empresa o emprego dessa ética no poder que é exercido por eles.

DESENVOLVIMENTO DE SENSIBILIDADE ÉTICA:
A primeira dessas ações exigem que altos administradores se informem da natureza do desafio da ética empresarial e se tornem sensíveis às questões relevantes nesse particular à suas empresas. Assim, tornam-se conscientes das dificuldades comuns que podem impedir a liderança ética. Essas dificuldades, que são capazes de frustrar um esforço bem intencionado, não são necessariamente óbvios a todos.
É preciso desenvolver a sensibilidade das questões morais específicas que afetam ou ameaçam as empresas. Sem essa sensibilidade podem involuntariamente provocar ou permitir a ocorrência de conduta imprópria. Algumas ações antiéticas não são menos condenáveis à parte ofendida ou aos olhos de outras pessoas e, por conseguinte, não menos destrutivas da confiança na integridade moral da alta administração.

FORTE ESTRATÉGIA COMPETITIVA E ADMINISTRAÇÃO OPERACIONAL
A segunda ação obrigatória no processo que exige que a administração superior providencie para que a empresa seja bem gerida em todos os demais aspectos. Empresas que exibem um clima ético mais favorável possuem também uma forte liderança empresarial. Desempenho empresarial medíocre implica em se aproximar da linha que delimita a conduta aceitável, ou mesmo cruza-la a fim de evitar conseqüências de fracassos. Sob pressão da diretoria ou de ameaças de absorção da empresa por outra, até mesmo administradores graduados com a melhor das intenções podem cair vitimas das atrações e tirania do lucro. Em contraste, a administração forte e eficaz torna mais fácil o comportamento ético quando a empresa pode atingir suas metas financeiras observando práticas empresariais respeitáveis. A administração forte e eficaz é também de importância fundamental para explorar o espírito criativo e aventureiro da empresa, logo que sejam desenvolvidos os requisitos indispensáveis de confiança e respeito mútuo.


UM PROGRAMA ÉTICO NAS EMPRESAS:
Com a existência de um alicerce de sensibilidade ética é o gerenciamento eficaz, a alta administração está em condições de promover a conduta ética empresarial. As considerações básicas de um programa ético valido implicam a formulação de políticas e arranjos organizacionais que promovam a preocupação da empresa com os interesses das diferentes partes afetadas por suas operações e proporcionem garantias contra pressões corruptoras dos negócios. Está estrutura básica precisa ser apoiada e estendida por uma grande variedade de medidas e práticas. Exemplos de esforços da administração para cultivar valores éticos na empresa incluem palestras inspiradoras, oferecimento de treinamento ético, fornecimento de bons exemplos, repressão de má conduta e auxílio a empregados que estão preocupados ou confusos com questões éticas.

PESSOAL ÉTICO:
O quarto componente do processo consiste em prover a empresa de pessoal ético e fazer com que ela se cerque de uma assessoria formada por gente do mesmo calibre. A consideração relativa a pessoal exige a seleção de indivíduos que subscrevam fortes princípios morais e a rejeição de pessoas carentes nesse particular, e a nomeação de pessoal hábil no fornecimento de liderança moral para cargos em que tal liderança possa produzir o maior efeito sobre outros membros da empresa. Cercar a organização de pessoal ético requer valores morais sejam uma consideração importante na seleção de consultores profissionais (jurídicos, financeiros, contábeis, fiscais, publicitários, administrativos,e etc.), fornecedores,companhias associadas e nos casos apropriados até clientes.

EXEMPLO DE CONDUTA ANTIÉTICA NA INDÚSTRIA:
Em julho de 1988, Neil L. Hoyvald e John F. Lavery, presidente e vice-presidente da Beech-Nut, foram condenados à pena de prisão de um ano e um dia e receberam multas no total de $100.000,00 dólares por participação no que foi mais tarde descrito como a mais grave confissão de ilícito penal por uma grande empresa e um caso clássico de ganância e irresponsabilidade empresarial. Os dois haviam vendido milhões de garrafas de suco de maça que sabiam conter pouco ou nenhum suco de maça, apenas açúcar, água, flavorizante e corante. Os consumidores desse produto falsificado eram bebês.
Sob pressão para reduzir prejuízos, em 1977 a empresa dispensou seu antigo fornecedor de concentrado de suco de maça, trocando-o por uma fonte menos cara. Em 1981, um cientista da empresa, especialista em controle de qualidade de alimentos, que havia monitorado o fornecimento, enviou um memorando à administração, manifestando a suspeita de que o concentrado de maça usado na produção do suco 100% de fruta era uma mistura de ingredientes sintéticos. Na época, nenhum teste podia provar a adulteração. O novo executivo chefe, sentiu-se pressionado a mostrar um melhoramento nos resultados financeiros à nova companhia matriz, a empresa Nestlé. Recusar o suprimento de baixo custo na base de evidência circunstancial estava fora de cogitação. A administração podia achar algum consolo no fato de que a questão de segurança não estava em jogo.
Em 1982, essa reserva mental foi derrubada quando a associação da indústria de suco processado de maça começou a investigar acusações de adulteração em grande escala. A fim de evitar acusações, a Beech-Nut suspendeu o uso do concentrado sintético. Em vez de incorrer as perdas o chefe de controle de qualidade da empresa e mais tarde servidores da Administração de Alimentos e Medicamentos, Hoyvald resolveu vender o estoque do produto, avaliado em 3,5 milhões de dólares. Procurando uma maneira de evitar um grande prejuízo financeiro. Posteriormente, a Beech-Nut vendeu milhares de caixas do suco falsificado em mercados do Caribe, enquanto seus advogados usavam de táticas de contemporização com órgãos federais e estaduais. Em 1987, a Beech-Nut reconheceu ser culpada de 215 acusações de violação de leis federais sobre alimentos e medicamentos e concordou em pagar uma multa de dois milhões de dólares, até esse momento a mais alta imposta m 50 anos de história da lei de alimentos, medicamentos e cosméticos.

CONCLUSÃO:
A conduta ética dentro das empresas é uma questão que abrange uma totalidade, ou seja, a tudo o que representa o império da marca em si.
Uma conduta antiética praticada pelos executivos que direcionam o caminho da empresa não somente destroe a si mesmos como tambem profissionais e a marca e a empresa em todo  alcance que elas  podem chegar. Vivendo em uma sociedade globalizada, a quebra de moralidade de uma empresa, se depara com clientes mais ferozes em questões de cobranças. O mundo capitalista não permite perdas e a maneira de se usar a ética nos cargos administrativos dentro da empresa refletirá em muito a sua maneira de agir com o mercado, sendo ela uma razão muito forte no resultado final do produto com o cliente.
Para se atingir um estado moral ético dentro de uma empresa, cabe aos administradores o empenho na colocação de pessoal ético em todas as repartições da empresa, e acima de tudo, controlar as decisões de uma forma clara e responsável, essa responsabilidade é de fator importante, pois sendo a ética uma pilar muito desejado pelos administradores, o porque da sua aplicação implica em vários fatores, inclusive o econômico. Não se pode apenas focar em fazer ativo cada passo em falso dado pela empresa em algum momento é absorvido pelos meios de comunicação, e escancarado a grande massa em forma de escândalo, é um tabu a ser quebrado, a aplicação de uma conduta ética é algo muitas vezes deixada de lado, muitos administradores se queixam que isso pode custar dinheiro, acarretar prejuízos em transações com competidores. Ainda, uma conduta antiética resumida em escândalos pode prejudicar seriamente os destinos da empresa, com punições legais, má publicidade e, irreparáveis danos nas relações com os clientes.
Programas éticos não apenas desencorajam desvios de conduta como contribuem substancialmente para a excelência administrativa da empresa, sendo que a atuação desses programas possuem uma atuação em três níveis:
Primeiro, no alto escalão, a fim de propiciar uma liderança exemplar efetiva;
Segundo, incentivar a preocupação com interesses dos indivíduos afetados pelo negócio da empresa e prover meios para controlar tentativas de corrupção;
Terceiro, contratar pessoas éticas e recorrer a consultorias idôneas.
BIBLIOGRÁFIA:

Aguilar, Francis J. - A ética nas empresas, Jorge Zahar Editor, 1996

Fleury, Maria Tereza Leme, Fischer, Rosa Maria –Cultura e Poder nas Organizações, Atlas,1996,2º edição.

Bueno, Silveira –Dicionário da Língua Portuguesa, FTD,1996

Klitgaard, Robert –A corrupção sob Controle,JZE,1997,2º edição.